No artigo anterior comentamos como se realizou a construção, os materiais que se utilizaram e que características tinha o acampamento romano Aquis Querquennis. Se ainda não leram, ainda pode-se ver aqui.
Continuamos de forma resumida como era a arquitectura e os diversos elementos que componem a planta do complexo arqueológico Aquis Querquennis.
Os principia ou quartel general
No ordenamento clássico duma fortificação militar permanente, os principia ocupavam uma posição central já que era nesta edificação, onde se desenvolvíam as principais actividades administrativas da unidade, e devía ter uma conexão visual directa com a porta frontal do recinto militar.
Seguindo a norma dos assentamentos militares deste tipo, os principia de Bande ocupam a posição central dentro do ordenamento do forte. Trata-se de uma edificação completamente exenta, enmoldurada pelo traçado das uiae principalis e quintana, asím como por espaços de 17 metros de largura que os separam das construções situadas nos seus laterais. Como sucede com as outras estructuras documentadas no nascimento, os seus muros, usando a técnica de opus incertum –aparelho irregular-, encontravam-se prácticamente destruidos.
A entrada aos principia encontra-se no centro da parede exterior do vestíbulo, tinha uma largura de 3,5 m e vinha marcada pelo uso de cadeiras de granito no vão. Um muro de pedra marcava os límites do patio em tres dos seus lados, servindo de base para colunas que suportavam as coberturas de outros pórticos. Este patio em portico que descrevemos ocupa aproximadamente a metade do rectángulo central da edifição.
Para a direção este, identifica-se um novo espaço de dimensões grandes que possuiam uma coberta total. Nesta basílica, junto ao muro de fecho suroeste do edificio, documentaram-se sete estancias de diferente tamanho (officinae).
O seu pavimento, composto de britas, areia e terra, não se diferencia em muito do localizado nas restantes divisões, com excepção de que aquí sobe 60 cm sobre o nivel dos solos utilizados.
Noutras divisões, de acordo com as marcas detectadas na terra, foram instalados pisos de madeira.

O ualetudinarium ou hospital militar
Um dos aspectos que melhor reflecte o processo de professionalização do exército romano foi o desenvolvimento da medicina militar. Asím, os ualetudinaria aparecem com o intuito de cuidar e isolar os soldados feridos e doentes, evitando que houvesse que dividir alojamento com o resto da tropa. Trata-se de edificações de planta quadrangular ou rectangular, orientadas apartir dum patio central aberto e em forma de portico. Normalmente, o conjunto de divisões desenvolve-se em volta deste espaço em forma de U em inverso. A maioría destas seríam quartos para os soldados e podíam estar divididas pela presencia de paredes ou separadores. Contudo, alguns destes quartos podiam ser utilizados como residencia para o pessoal sanitario ou como farmacia.
Em Bande, o ualetudinarium ocupa o vértice oriental do compacto sector oeste da retentura. Em planta tem uma forma rectangular quase quadrangular e a sua distribuição interna é muito simples: até doze quartos de pequeno tamanho (várias medidas entre 2,80 e 4 m de lado) e solos de terra batida ou pisada em volta dum pátio central em portico cujo corredor está delimitado por um fino muro e aberto na área em frente à entrada do edificio.
Os celeiros
A manutenção das unidades militares romanas necesitavam um grande esforço logístico. Para facilitar este aspecto, existíam nos fortes romanos os celeiros, um tipo de edificio de planta rectangular arquitectónicamente caracterizada pelos seus muros largos, pela presencia de contrafortes ao exterior e de solos sobre elevados. Isto deve-se a que estas construções desenharam-se como espaços para o armazenamento de cereais, pelo que havía que corregir a excesiva força que provocava o volume das mercadorias sobre as paredes laterais e evitar ao mesmo tempo aspectos como uma excessiva humidade ou as ações dos roedores.
No vértice meridional do sector oeste da retentura situam-se os celeiros. Este conjunto está formado por dois edificios de planta rectangular dispostas em paralelo e separadas por um espaço estreito. Este último sería aproveitado para as construções tanto dos contrafortes dos celeiros como de una pequena canalização para a recolha das aguas pluviais.
No que respeita aos celeiros, não se trata de edificios gemeos, porque as suas dimensões totais e a largura dos seus muros são diferentes.
Desta forma, ambos apresentam no seu interior cinco filas de pilares tronco piramidais de pedra que permitiam subir o piso uns 60 cm sobre o solo no caso do celeiro oriental e 80 cm no ocidental. Pelo que se refere à técnica constructiva, a maioría dos muros foran levantados em opus incertum de granito. Os muros do celeiro oriental tinham uns 55 cm de largura à excepção do lenço situado a oeste, que é mais estreito (46 cm). No exemplo mais ocidental os muros frontais e traseiros apresentam 55 cm de largura pelos 80cm dos laterais.

Fornos y sanitas
Fornos
Em frente às entradas dos barracões encontraram-se restos de estructuras de planta circular realizadas em pedra de 2 m de diámetro.
De acordo com outros paralelos encontrados em diversas fortificações militares europeias e peninsulares, estaríamos ante os primeiros fornos para pão. Em teoría, cada um dos barracões devía ter o seu propio forno.
Seguindo estes mesmos paralelos não resulta complicado reconstruir a forma original deste tipo de estructura. Asím, sobre os mencionados fornos estavam sobre uma base de telhas ou de pedra. Depois era construido um pequeno muro circular de pedras e argila local que em filas teria uma forma final de aboboda. Esta teria uma porta pequena ou abertura na sua parte frontal que devía estar coberta con alguma proteção ignífuga.
O mecanismo de uso é simples: em primeiro lugar, fazia-se fogo no interior do forno que aqueciam uniformemente as paredes do mesmo. Depois retiravam-se as brasas e cinzas para introduzir os alimentos a cozinhar, fechando a abertura para evitar ou baixar das temperaturas.
Sanitas
Nos espaços perimetrais dos recintos militares normalmente havia outro tipo de edificação vital para o bem estar dos mesmos. As sanitas (latrinae) eram espaços com assentos de madeira ou pedra con um orificio no seu centro. Frequentemente eran distribuídas a volta de um espaço central onde podía haver fontes de agua e artigos para a higiene e limpeza.
Para a saida dos elementos residuais podía haver um complicado sistema de depositos e uma canalização que permitía a saida dos mesmos fora do recinto fortificado ou bem procedía-se ao seu vaziado em fossas sépticas que devíam ser vaziadas frequentemente.
Durante a campanha de 2014 foram localizadas tambem en Bande umas sanitas nas proximidades da esquina sul. Trata-se de uma edificação de planta quadrangular que contava com uma canalização feita com material ceramico. Contudo, este tema ainda esta sem ser público relativos a este modo de construção.

No seguinte e último artigo realizamos de novo esta analise para as outras zonas do acampamento onde ainda não podemos estudar e completamos finalmente o mapa.
Outras partes importantes do complexo:
- Os barracões dos soldados
- Oficinas e armazens
- Residencia do comandante
- Outros barracões e cavalariças
- Espaço extramuros
- A Vía Nova