Conhecer para valorizar e assim conservar e proteger
Aquis Querquennis, conhecido coloquialmente como A Cidá (em galego “A Cidade“), trata-se de um complexo arqueológico romano composto por um acampamento romano e uma mansão viária, situado na paróquia de Baños de Bande, na província de Ourense, nas margens do rio Limia, na barragem de As Conchas. O acampamento estabeleceu-se no local para a construção da Vía XVIII ou Vía Nova, estrada que comunicava Bracara Augusta e Asturica Augusta. Ocupado entre o último quarto do século I até aos anos 20 do século II. A mansão viária era uma hospedaria de viajantes na referida calçada, ocupada nos séculos II – III. No mês de setembro do ano 2018 foi declarado Bem de Interesse Cultural (BIC).
O local é atravessado por uma rota de peregrinação a Santiago de Compostela, conhecida como a “Rota da Rainha Santa”, que recebeu o nome da peregrinação realizada pela Rainha Isabel de Portugal no século XIV e seguida nos séculos seguintes por inúmeros caminheiros. A referida rota coincide no seu percurso inicial até Bande com a referida calçada romana: Via Nova e esta vão ser reivindicadas como “caminho de jacob” por diversas associações da comarca.
No local encontra-se a Porta de Bande e o Centro de Interpretação Aquae Querquennae-Vía Nova, o qual alberga um museu e várias salas explicativas do complexo arqueológico.
Descobrimento e escavação do acampamento
As primeiras prospeções foram realizadas por Florentino López Cuevillas na década de 1920, após visitar o recinto em 5 de junho de 1921 com Ramón Otero Pedrayo, Vicente Risco e o advogado de Bande, Farruco Pena. Em 1949 o local foi inundado pela construção da barragem de As Conchas, de Fenosa (Forças Elétricas do Noroeste). No entanto, esta empresa autorizou as escavações a partir de 1975, sob a direção de Antonio Rodríguez Colmenero durante quase vinte anos, tendo este focado especialmente o quadrante noroeste. Na atualidade estão sob a direção de Santiago Ferrer Sierra.
Descrição do acampamento
O acampamento, que ocupava uma extensão de 2,5 hectares estava rodeado por uma muralha com forma retangular e esquinas arredondadas. Na mesma sobressaiam torres defensivas quadrangulares entre as portas e nas esquinas. A muralha foi levantada com perpianhos pequenos de granito, emparelhados (encaixados sem cimento), possuía 3,20 m de largura e uma altura aproximada de 5 m. e encontrava-se rematada por merlões semicilíndricos. O sistema defensivo possuía também um fosso exterior em forma de V, com 5 metros de largura e aproximadamente 3 de fundo. Dispunha de quatro portas monumentais, das quais foram escavadas a Principalis Sinistra (porta principal do lado esquerdo) e a Decumana, no lado oeste. A Principalis apresentava-se com pequenas aberturas, uma de entrada e outra de saída. A Decumana era semelhante, mas apenas com uma abertura. O sistema defensivo completa-se com o intervallum com 11 m de largura, um espaço de segurança sem construções entre a muralha e a primeira linha de edificações.
A MANSÃO VIÁRIA
A poucos metros do acampamento podemos encontrar a mansão viária. Seria a terceira desde Braga. Nesta encontram-se vários locais de permanência, que seriam utilizados para hospedar viajantes que percorriam o caminho romano e como estábulos para os cavalos. Também foi encontrado um forno para cozer pão e um poço circular. Encontra-se também conservado um vestíbulo em pedra para aceder ao mesmo.
Muito próximo da pousada encontra-se uma zona de águas termais, conhecida como O Banho. Nesta existem várias piscinas e banheiras de pedra, que se apresentam como vestígios de um balneário que funcionou até à construção da referida barragem de As Conchas. Neste local estariam as termas romanas, mas ainda não foram escavadas.