Relato de um descobrimento
Antonio Rodríguez Colmenero
Relato da evolução do projeto científico no forte romano contado por Antonio Rodríguez Colmenero, Catedrático de História Antiga, iniciador e coordenador do projeto de investigação em Aquis Querquennis.
Descobrimento e escavação do acampamento
As primeiras prospeções foram realizadas por Florentino López Cuevillas na década de 1920, após visitar o recinto em 5 de junho de 1921 com Ramón Otero Pedrayo, Vicente Risco e o advogado de Bande, Farruco Pena. Em 1949 o local foi inundado pela construção da barragem de As Conchas, de Fenosa (Forças Elétricas do Noroeste). No entanto, esta empresa autorizou as escavações a partir de 1975, sob a direção de Antonio Rodríguez Colmenero durante quase vinte anos, tendo este focado especialmente o quadrante noroeste. Na atualidade estão sob a direção de Santiago Ferrer Sierra.
O acampamento, que ocupava uma extensão de 2,5 hectares estava rodeado por uma muralha com forma retangular e esquinas arredondadas. Na mesma sobressaiam torres defensivas quadrangulares entre as portas e nas esquinas. A muralha foi levantada com perpianhos pequenos de granito, emparelhados (encaixados sem cimento), possuía 3,20 m de largura e uma altura aproximada de 5 m. e encontrava-se rematada por merlões semicilíndricos. O sistema defensivo possuía também um fosso exterior em forma de V, com 5 metros de largura e aproximadamente 3 de fundo. Dispunha de quatro portas monumentais, das quais foram escavadas a Principalis Sinistra (porta principal do lado esquerdo) e a Decumana, no lado oeste. A Principalis apresentava-se com pequenas aberturas, uma de entrada e outra de saída. A Decumana era semelhante, mas apenas com uma abertura. O sistema defensivo completa-se com o intervallum com 11 m de largura, um espaço de segurança sem construções entre a muralha e a primeira linha de edificações.
Escavaram-se cinco casernas para as tropas ou estrígia, consistentes em alienações afrontadas em torno de um pátio central, com uma cisterna para recolher água da chuva. Estes locais de permanência ou contubernia eram de terra batida e encontravam-se divididos em duas partes: espaço para dormir e as habitações. Em cada uma delas podiam viver até oito soldados. À entrada das casernas encontram-se bases circulares, que seriam a parte de baixo de fornos comunitários. Existem além disso no acampamento dois horrea ou celeiros retangulares, que se elevavam sobre linhas de pilares de pedra e se encontravam delimitados por grossos muros com contrafortes externos. Também se encontrou um edifício de planta quase quadrada, que seria o hospital ou valetudinarium, consistindo de várias salas quadradas em volta de um pátio central ou compluvium. É possível que este pátio tivesse um peristilo de colunas de madeira assentadas sobre um muro baixo de pedra. Também surgiu durante a escavação um canal que se acredita que conduzisse as águas do compluvium para o exterior do edifício.
O edifício central, que seria o quartel-general ou principia possui uma planta retangular. No mesmo encontramos um vestíbulo flanqueado por deambulatórios cobertos e abertos na fachada. De seguida, existem duas salas pequenas de ambos os lados, que possivelmente seriam os armamentaria, onde se guardavam as armas de uso quotidiano das tropas. Continuando encontramos um pátio retangular grande com peristilos em três dos lados, conhecido como o fórum. Seguidamente existe uma basílica à qual se acede por uma entrada central grande e duas laterais mais estreitas. No fundo da mesma estaria localizada a área sacro-administrativa, com um templo oficial ou aedes rodeado de cinto salas, duas a norte e três a sul, que se acredita tratarem-se do tabularium ou arquivo.
Também foram escavadas as latrinas, um edifício retangular adjunto a muralha. Entre elas descobriu-se um canal de drenagem, um esgoto central, e um espaço no qual se situariam uns bancos de madeira ou retretes, não conservados por serem originalmente de madeira.
Fora da muralha, na área mais para sul encontramos duas bases circulares pavimentadas com tegula, e que provavelmente seriam bases de fornos cerâmicos. Também aqui foram encontrados vestígios de uma habitação. Neste local também se encontraria um vicus ou cannaba, que seria uma pequena aldeia coetânea ao acampamento.
Acredita-se que a unidade militar que ocupava Aquis Querquennis era a Cohorte III, que dependia da Legio VII Gémina, cuja base se situava em León, devido ao facto de terem aparecido marcas cerâmicas em tegula que assim o confirmam. Seria uma unidade de 600 soldados de infantaria e de cavalaria.
Fonte: Wikipedia
FUNDAÇÃO AQUAE QUERQUENNAE VIA NOVA
É composta por diversos edifícios, construídos em datas sucessivas, pertencentes na atualidade à Fundação Aquae Querquennae Via Nova.
O centro de interpretação Aquae Querquennae Via Nova irá permanecer temporariamente fechado. Mais informações: 988 040 127 – 988 443 001.