Aquis Querquennis

O acampamento romano: Um pouco de historia - AquisQuerquennis 3D

Aquis3D 16 Maio, 2020 Sem comentários

Na actual provincia de Ourense a pouco mais de sete kilómetros do povo de Bande encontra-se o nascimento arqueológico da Baixa Limia, que inclui um antigo acampamento da Legião VII Gemina e uma mansión viaria. A legião deslocou-se até ali a uma de suas consortes para encarregar-se da construção, a manuntenção e a segurança da Vía Nova ou Vía XVIII, que ligava Bracara Augusta (Braga, Portugal) com Asturica Augusta (Astorga). Aparte, servía para vigilar e controlar esta parte de Ourense, zona muito rica para os interesses dos Romanos.

Exemplo de miliario romano
Exemplo de miliario romano

O nome do acampamento provem possivelmente de Aquis (aguas) Quaequernos (tribu que vivia na zona antes dos romanos). Nas zonas vizinhas encontrou-se um miliario romano (especie de marca de caminhos em pedra) com uma inscrição que dizia «Aquis Quaequernos». Sabe-se que a presencia de aguas termais nessa zona foi determinante para que um regimento romano de infantaría e cavalariía assentasse alí o seu acampamento. Os romanos ja conhecíam as qualidades deste tipo de agua e não dudavam em aproveitar todos os beneficios deste recurso termal.

A julgar pelos resultados das excavações, o povo de Aquae estaria habitado entre o 75 a.C. e o 30 d.C., sendo posteriormente abandonado como acampamento, permanecendo a mansión como pousada para viajeiros até à edade media, florescendo depois da ida dos militares formándo-se um povo à sua volta, mas não conseguiu chegar aos nossos días como sucedeu com outros acampamentos que se convertiram nas actuais cidades e vilas.

Investigação e evolução patrimonial

As primeiras intervenções

No começo dos anos 20 iniciou-se a investigação das ruinas do antigo povo de Baños de Bande quando os destacados galleguistas orensanos Ramón Otero Pedrayo, Florentino López Cuevillas y Vicente Risco aproximam-se até ao lugar na companhía do advogado Farruco Pena, natural do municipio de Bande.

Seguindo as sus indicações, os vizinhos da localidade abrem uma vala que revela a existencia de um muro bem preparado e alguns restos cerámicos. Desde este momento, o nascimento arqueologico passará a formar parte dos habituais catálogos eruditos da época e será visitado durante o “tour” que a Comissão Provincial de Monumentos Históricos e Artísticos de Orense efectúe por esta zona en 1935. No entanto, durante esta nova década não se produz novas intervenções neste lugar. O inicio da Guerra Civil (1936-39) terminaría por retirar qualquer empresa neste sentido e, como sucedeu em outros sitios, entre os planos do governo franquista contemplava a construção de uma barragem em Las Conchas e a inundanção de boa parte do vale do río Lima.

Campamento Romano - Aquis Querquennis

No que respeita ao patrimonio arqueológico, as aguas da barragem cubriram por completo o nascimento de “A Cibdade”, asím como boa parte do traçado da antiga vía Nova (o XVIII) que ligava Braga e Astorga atravesando a provincia de Ourense. Pouco a pouco, o rico patrimonio arqueológico local caiu no esquecimento.

A volta às excavações

Apartir dos anos 70 reiniciou-se a actividade arqueológica depois de varias décadas de esquecimento graças ao esforzo de A. Rodríguez Colmenero. Em 1975 abrem-se tres novas catas onde começaram a documentar os restos do antigo recinto militar romano e do povo extramuros. Os trabalhos retomaram-se em 1978 e, de modo regular, continuariam durante a década de 1980, exumando-se boa parte do traçado amuralhado – incluida a porta decumana- e varias edificações internas –barracões, ualetudinarium, fornos-. Estas primeiras intervenções serviam asim para a formação de numerosos arqueólogos e professionais no ámbito do Patrimonio Cultural.

Consolidação como referente patrimonial

A década de 1990 supos a entrada do tema arqueológico numa nova fase científica, administrativa e patrimonial. Creou-se a Fundação Aquae Querquennae-Vía Nova, promovida pela Unión Fenosa, a Universidad de Santiago, a Consellería de Cultura de la Xunta de Galicia, a cámara municipal de Bande, a Diputación Provincial de Ourense e o mesmo Grupo Arqueológico Larouco, o que permitirá a articulação dum novo marco para a gestão do nascimento baseado numa notavel proteção institucional. Igualmente, inaugura-se o Centro de Interpretação da Vía Nova e o Museo de la Quarquernia.

Grupo de trabalho realizando tarefas de excavação – a Região
Grupo de trabalho realizando tarefas de excavação – a Região

No inicio do presente século, as iniciativas focalizam-se na fortificação militar, alternando fases de excavação com outras de consolidação e restauração. Como resultado, verão a luz dos restos de edificações como os principia (2003-2005), parte dos fornos (2006-2007) ou novos barracões (2007-2008), ao mesmo tempo que se completava a excavação de outros espaços intramuros e da mesma muralha.

Como consecuencia de todas as iniciativas, o nascimento arqueológico de Bande é, hoje em día, um dos assentamentos militares romanos mais explorados da península ibérica e, um dos melhores conhecidos tanto para o grande público como para a comunidade científica especializada.